Os 23 barcos da frota atuneira a pescar nos Açores descarregaram nos portos da Região, entre Janeiro e o dia 25 de Agosto, 6.522,3 toneladas de atum no valor de 11.753 mil euros.
Do atum pescado, 4.044,7 toneladas foram de ‘patudo’; 325,457 quilos de ‘voador’; e 2.152,1 toneladas de ‘bonito’.
Embora no mesmo período do ano passado a mesma frota atuneira tenha capturado praticamente o mesmo atum (6.266, 9 toneladas), fez em 2012 à volta de mais 1.6 milhões de euros (13.384, 3 mil euros no total).
Do atum pescado o ano passado, 4.355,5 toneladas foram de ‘patudo’; 924,878 quilos de ‘voador’; e 986.546 quilos de ‘bonito’.
Além de uma redução de pesca de 255,4 toneladas de ‘patudo’, a diferença no valor desta espécie de atum deveu-se à quebra no seu preço médio por quilo em cerca de 13% (de 2.37 euros para 2.10 euros). Esta quebra é justificada por haver mais peixe com menos de 20 quilos a unidade que tem um valor comercial inferior ao peixe com peso acima dos 20 quilos.
Como a pesca do ‘patudo’ é determinada por quota, a diferença de 255,4 toneladas deveu-se o facto de, em 2012, Portugal ter conseguido trocar com Espanha quota de atum por outras espécies e 81% das capturas serem efectuadas nos mares da Região.
Portugal, a pedido dos Açores, abriu também este ano um processo negocial para obter mais quota de atum para a Região mas, até agora, ainda não se conhece o resultado destas negociações.
Mais ‘bonito’ e mais caro
É notório que as capturas do atum ‘bonito’ aumentaram este ano, em relação a 2012, na ordem das 1.395,9 toneladas (mais 1.631,3 mil euros) e o seu preço por quilo aumentou 9% na comparação entre os dois anos, passando de 1.17 euros para 2.06 euros.
É significativo que o preço do ‘bonito’ é o único que aumentou gradualmente nos últimos anos já que, em 2011, o preço por quilo era de 1,03 euros.
Esta evolução positiva de preço é importante por incentivar os pescadores à captura do ‘bonito’ que se destina quase exclusivamente às conserveiras açorianas.
A “imagem Açores” vendida nas conservas de atum tem como grande mais-valia o facto de o peixe tratado nas unidades fabris ser fresco. Isso não acontece em outras zonas da Europa, América do Sul e alguns países asiáticos e africanos, onde o atum para conservas é congelado (com uma grande perda da sua qualidade).
O mercado principal da conserva de peixe dos Açores é a Itália onde a ‘Qualitat Azores’ consegue nichos de mercado de alta qualidade.
Por sua vez, as capturas de atum ‘voador’ também baixaram de 924.878 quilos de Janeiro a Agosto do ano passado para 625.544 quilos no mesmo período deste ano.
Continuam as descargas de ‘bonito’
Apesar de, a 25 de Agosto, o atum representar à volta de menos 1,6 milhões de euros que igual período do ano passado, o facto é que, segundo o director das Pescas, Luis Costa, “ainda é cedo para considerar a campanha atuneira deste ano desastrosa”, já que a frota atuneira acabou Agosto e iniciou Setembro com boas capturas de atum ‘bonito’.
A designada ‘pesca em mancha’, adoptada nos últimos anos pela frota atuneira da Região (em que estão dois a três barcos sobre o cardume, nunca o perdendo) faz com que não percam o peixe durante a sua migração pelos mares dos Açores. O método de pesca é o mesmo (salto e vara) mas a coordenação de esforço entre as embarcações leva a que se tire maior proveito desta forma de pescar e as capturas aumentem.
É isso que está a acontecer na pesca do atum ‘patudo’ com a frota a atingir rapidamente a quota desta espécie nos últimos anos e irá acontecer, certamente, ao longo do mês em curso, com uma eventual grande captura de atum ‘bonito’ que poderá salvar a campanha atuneira deste ano.
Este optimismo não é partilhado pelo presidente da APASA - Associação de Armadores de Atum e Similares dos Açores, Carlos Ávila, ao afirmar que a safra atuneira deste ano “não está famosa”, que a quota do patudo “foi atingida” e as pescarias do atum ‘bonito’ estão aquém do desejado. É que, como afirma, “num ano razoável de atum ‘patudo’, normalmente, não se fazem grandes pescarias de atum ‘bonito’.”
Nesta perspectiva, a solução para a safra, em seu entender, está no aumento da quota do ‘patudo’ na Região no processo negocial de transferência de quota entre Espanha e Portugal.
Pressão em Bruxelas
Entretanto, o Governo dos Açores está, com o apoio de investigadores açorianos, a fundamentar uma posição de pedido em Bruxelas de um aumento da quota para as espécies ‘Berix’ e para o atum ‘patudo’.
A Região tem procurado demonstrar, junto do governo da República e da Comissária Europeia das Pescas, a “injustiça de se atribuir quotas para uma Região que “pratica uma pesca sustentável com artes de linhas e anzóis”.
Esta injustiça é evidente no caso da pesca do atum ‘patudo’. Esta espécie é pescada por barcos cercadores de outros países da União Europeia e, nos Açores, pelo processo muito mais selectivo de ‘salto e vara’, não se justificando, também por isso, o estabelecimento de uma quota.
Fonte: ACOPE com Correio dos Açores
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