Os pescadores vão ter um manual de boas práticas, para prevenir capturas acidentais de cetácios,
pois grande parte dos que dão à costa, acabando por morrer, são animais que ficaram presos em redes de pesca, disse ontem uma especialista.
Todos os anos dão à costa cerca de 200 animais de várias espécies, mais de metade golfinhos, e são muito poucos os que conseguem sobreviver,de acordo com a técnica do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Marina Sequeira.
Um projeto financiado pela União Europeia, o MarPro, já em curso, prevê a elaboração e distribuição de manuais de boas práticas de pesca, para sensibilizar a comunidade piscatória para a necessidade de reduzir os níveis de mortalidade acidental que "são elevadissímos", afirmou a técnica do ICNF.
"É uma situação que pode ser considerada normal - temos uma costa muito extensa e várias espécies de golfinhos e baleias", prosseguiu Marina Sequeira adiantando que, "para algumas das espécies, as populações são muito numerosas e a média anual [de capturas] registada nos últimos anos ronda os 200 animais".
Este ano, "para já - e estamos a meio do ano - nada indica que a mortalidade registada até agora tenha sido superior àquela dos anos anteriores", adiantou.
"A grande maioria [de cetáceos] morre, ou porque são animais que já estão doentes, ou porque acidentalmente ficam presos em artes de pesca", casos que representam uma percentagem "muito elevada", apontou a técnica do ICNF.
Marina Sequeira alerta ainda para o facto de ser muito reduzida a percentagem de animais que chegam vivos a terra, sendo ainda mais reduzida a percentagem dos que podem pode ser reabilitados.
Questionada sobre a possibilidade de prevenir as capturas acidentais, a especialista defendeu que, por exemplo, "poderão ser instalados dispositivos dissuasores em determinados tipos de redes, sobretudo em redes de emalhar".
Alguns pescadores do cerco já adotam procedimentos de defesa dos animais e, segundo a técnica do ICNF, quando detetam golfinhos no interior da rede, baixam-na para permitir que o animal saia.
"Há um conjunto de boas práticas de pesca que já estão a ser aplicadas por alguns pescadores, mas há vários procedimentos que podem ser adotados e, eventualmente, contribuir para a redução das capturas acidentais", salientou Marina Sequeira.
No grupo dos golfinhos, a espécie mais abundante na costa portuguesa é o golfinho comum, mas também são encontrados o golfinho riscado, o ruaz e a baleia piloto.
Entre as grandes baleias, aparece mais a baleia anã, a baleia comum e, ocasionalmente, exemplares de cachalote.
É no norte e em parte do centro do país que ocorrem mais situações de animais a dar à costa, pois são regiões com densidades populacionais mais elevadas e onde a atividade de pesca é mais intensa.
Os animais que dão à costa em bom estado de conservação são recolhidos e, em caso de morte, os técnicos tentam determinar a sua causa, além de preparar as amostras depois utilizadas em estudos de biologia e ecologia da espécie, ou em trabalhos para a determinação de contaminantes.
Fonte:ACOPE com DN
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