A AIB – Associação dos Industriais de Bacalhau considera um volte face inaceitável a decisão do governo português de apoiar a introdução de polifosfatos no bacalhau. Para a AIB, o governo português cedeu em toda a linha e não quis defender a posição inicial de total oposição à adição de químicos ao bacalhau destinado à cura tradicional portuguesa.
Paulo Mónica, secretário-geral da AIB, avisa que “esta decisão vai ditar o fim da indústria de transformação do bacalhau. O governo não salvaguardou os interesses de Portugal e a menção na rotulagem à existência de polifosfatos de nada serve, já que não está definido nenhum método para a deteção de polifosfatos que seja rápido e eficaz e que possa garantir que a indústria nacional recebe matéria-prima livre de químicos. Não tendo sido definidas quaisquer medidas de fiscalização. A atitude do Ministério da Agricultura é inexplicável e têm ser tiradas as devidas ilações. O interesse nacional tem de ser defendido em Bruxelas, se não mais vale entregarmos de vez o país à comissão europeia.”
O secretário-geral da AIB afirma que “a indústria nacional fica completamente desprotegida e tememos o pior. A introdução de polifosfatos está prevista já para janeiro e não acreditamos que o governo, se ainda for este governo, seja capaz de em menos de 6 meses criar condições que permitam fiscalizar e penalizar os infratores. Portugal vai ser inundado de bacalhau com polifosfatos no próximo ano. Sem métodos de deteção, fiscalização e penalizações graves, os produtores do norte da Europa, nomeadamente noruegueses e islandeses, vão poder vender à indústria nacional matéria-prima com químicos que impede que o bacalhau de cura tradicional atinga um teor de humidade de 47%”.
Como a AIB tem denunciado, este teor de humidade só é obrigatório para a indústria portuguesa e, como tal, há muitos produtores da Noruega e da Islândia que vendem um bacalhau alegadamente seco, mas com teores de humidade muito mais elevados, o que lhes permite ter preços muito reduzidos.
Paulo Mónica refere que “os polifosfatos retêm a humidade e a indústria nacional vai ter custos energéticos muito acrescidos para conseguir fazer o bacalhau de cura tradicional, ficando os produtores estrangeiros com caminho livre para ditarem os preços e levarem à falência a indústria portuguesa. Esta posição do governo português, para além de inconcebível, deitou por terra todo o trabalho realizado no último ano e meio contra a utilização de polifosfatos. Não entendemos como foi possível mudar de posição desta maneira”.
A AIB sublinha ainda que esta decisão contraria todas as indicações internacionais, incluindo da Organização Mundial de Saúde, que tem defendido a necessidade de preservar os alimentos naturais, como o bacalhau, e recomendado a elaboração de estudos aprofundados sobre os efeitos dos polifosfatos na saúde humana.
Fonte: ACOPE com Diário de Aveiro
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