O bacalhau continua a ser o amigo mais fiel dos portugueses, mas o apetite por salmão está a crescer e representa já um quinto das vendas de peixe norueguês para Portugal.
Em apenas cinco anos, as exportações duplicaram, contou Geir Bakkevol, representante do Conselho Norueguês de Pescas (Norge), a bordo de uma embarcação ao largo da vila piscatória de Sommarøy.
“No ano passado, exportámos cerca de 55 mil toneladas de pescado norueguês, sendo o bacalhau a espécie mais importante”, mas o salmão está a crescer, indica, sublinhando que as 10 mil toneladas exportadas em 2012 representam quase o dobro do que se vendia há cinco anos.
Entre os 52 milhões euros que rendeu a comercialização do salmão e os 210 milhões de euros relativos ao bacalhau, os noruegueses venderam mais de um milhão de euros de peixe por dia a Portugal (considerando apenas os dias de trabalho).
O pescado é a segunda maior exportação deste país nórdico, representando quase 6% do total das exportações norueguesas, num total de 6,7 mil milhões de euros.
A maior fatia (4,1 mil milhões de euros) cabe à aquacultura, um setor alicerçado nos 184 milhões de euros despendidos em investigação, mais de metade dos quais suportados pela indústria.
Atentos às oportunidades, os noruegueses apostam na divulgação e aplicação deste ‘know how’ noutros países e assumem o interesse na costa portuguesa.
“Portugal é um país muito importante para nós, é o principal mercado para o bacalhau, e os investidores noruegueses estão à procura de possibilidades de iniciar projetos de aquacultura, tanto no sul como na costa ocidental de Portugal”, afirmou o embaixador da Noruega em Portugal, Ove Thorsheim, durante uma visita à estação de pesquisa de aquacultura de Havbruks (Havbruksstasjonen), dedicada à investigação dos organismos aquáticos sujeitos às condições especiais do Ártico e à melhoria da saúde dos peixes.
Faltam, no entanto, algumas alterações legislativas para que esta indústria tenha um novo impulso.
O embaixador considerou que os investidores estão interessados em vir para Portugal para estarem mais perto do seu mercado, mas esperam por uma “possível desregulamentação das áreas de produção que facilite a instalação de aquiculturas”.
Entre os pescadores de bacalhau, as preocupações são outras.
Com uma quota recorde de um milhão de toneladas em 2013, confrontam-se agora com novos desafios de mercado e assumem estar a ser fortemente pressionados em termos de preço.
Svein Ove Haugland, Vice-diretor geral da Norges Rafisklag, uma das seis organizações de pesca norueguesas, que representa mais de 4.000 embarcações, admite que os últimos anos têm sido tão bons que a abundância está a penalizar o rendimento dos pescadores.
“Os pescadores noruegueses receberam menos 30% pelo bacalhau neste inverno em comparação com o ano passado e isto é motivado pela situação do mercado”, justificou, acrescentando que o aumento da quota afeta o mercado.
Além disso, a crise económica que Portugal atravessa repercute os seus efeitos na Noruega, como explica Svein Ove Haugland.
“Estamos a sofrer com o mercado português porque a indústria de pesca norueguesa é muito dependente de Portugal. Estamos a ter dificuldades em vender o peixe pelo menos ao preço que se pratica”, adiantou o responsável da Norges Rafisklag.
Para reduzir a dependência, a Noruega procura diversificar a clientela e quer cativar o Brasil, que surge já como terceiro destino das exportações de bacalhau.
No entanto, a indústria está pouco preparada para satisfazer a procura dos consumidores brasileiros mais orientados para as refeições preparadas.
“Temos custos elevados na indústria e não conseguimos competir com outros países. No Brasil, os fornecedores chineses têm uma posição melhor do que a que nós conseguimos”, lamenta Svein Ove.
Fonte:ACOPE com Sol
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