Jorge Rato, diretor da ACOPE, foi um dos protagonistas do think tank dedicado às pescas e à indústria conserveira, promovido pelo Jornal de Negócios em parceria com o Banco Popular. A falta de matéria-prima mereceu especial enfoque, assim como a concentração ao nivel da cadeia de distribuição.
A sardinha é um doa peixes da costa portuguesa que mais se consome e mais se pesca. Ou melhor, mais se pescava. Há efectivamente menos sardinha a ser pescada. Já do atum, da cavala ou do carapau, continuam a haver "stocks". O que se começa a notar não apenas nos níveos qu esão pescados, mas também na produção e exportação. Nomeadamente da indústria conserveira. Senão vejamos: pela primeira vez em 2014 as exportações de conservas de atum foram superiores às de sardinha que passaram dos 84 milhões de euros em 2013, para 59 milhões no ano passado. E se em 2013 se pescou 65 mil toneladas de sardinha, no ano passado já só foram 20 mil toneladas e este ano reduziu-se para as 12 mil.
Mas afinal o que se passou com a sardinha?
As respostas ainda não são possíveis de dar. Mas também não é a primeira vez que acontece. Após a segunda guerra mundial a frota portuguesa chegou a parar por não haver sardinhas. O consumo aumentou "bastante", mas não é apenas isso. A sardinha não aparece nos locais onde a nossa frota pesqueira vai. O que se sabe ao certo é que efectivamente "há uma redução da biomassa que se localizava na costa", o que é preciso saber a razão. "Vai levar anos a perceber a explicação". Pode estar ligado às correntes, às temperaturas, à alimentação, que leva a ardinha a concentrar-se noutros locais, possivelmente mais longe da costa.
Sendo preocupante o que se passa com a sardinha, certo é que alguns dos industriais ainda encontram alternativas, mas fazem aumentar as importações. Mas também permitem a utilização de outras espécies presentes na nossa costa. A cavala, por exemplo, está a ter um crescimento significativo ao nivel das exportações.
Desafios para a indústria
O sector conserveiro tem duas queixas. O preço de venda, já que as conservas são consideradas "commodity", ainda que seja um produto de conveniência. Além disso, acrescenta a esta queixa a pressão da distribuição sobr eos fornecedores, mas mais do que isso as compras que estes grupos fazem no exterior para satisfazer as suas marcas próprias.
O sector da congelação e transformação de pescado queixa-se também de concentração da distribuição nacional, com a agravente de não ter ter uma componente exportadora tão forte. Até porque não tem matéria-prima suficiente que lhe permita explorar novos mundos.
Fonte: Jornal de Negócios
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