A Direcção Regional das Pescas e a Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores (APASA) confirmam que a exportação de atum patudo sangrado para mercados externos é para avançar já este ano.
“Temos uma perspectiva de poder ter, este ano, na Região Autónoma dos Açores, um comprador que adquira esse atum sangrado e que consiga chegar a preços próximos dos 5 euros”, adianta Luís Costa.
O Director Regional das Pescas destaca as vantagens financeiras deste investimento que “representará, efectivamente, um acréscimo de cerca de 100% comparativamente ao preço médio do ano passado, que era de 2 euros”. Também o representante dos Produtores de Atum dos Açores realça as mais-valias desta iniciativa, há já muito planeada pela Associação: “Torna a pesca mais rentável, mais sustentável e mais responsável, já que não necessita de grandes quantidades de peixe para garantir que se mantém a qualidade”, afirma Pedro Capela, secretário-geral da APASA.
Os vários intervenientes neste projecto admitem que esta é uma grande mudança para a maioria dos pescadores, já que, antigamente, o atum patudo depois de capturado era, directamente, armazenado nos porões das embarcações atuneiras, sem sofrer qualquer tipo de intervenção.
Agora, com esta nova técnica, os grandes armadores já possuem “o espaço e a capacidade para fazer o sangramento do atum patudo a bordo das embarcações” o que, de acordo com Pedro Capela, garante imediatamente uma “melhor qualidade” do atum pescado nos Açores. O investimento necessário para fazer o sangramento não implicou “muitos custos” para os atuneiros mas Pedro Capela reconhece que não foi um processo fácil: “Só ao fim de 3 anos é que conseguimos preparar os armadores e as embarcações”. Parte do trabalho passou por “sensibilizar os profissionais” para mudar o tipo de trabalho que se fazia a bordo e para aderir a esta nova forma de pescar que implica capturar menos quantidade de patudo. Para já, adianta a APASA, as pequenas embarcações que pescam atum nos Açores não possuem nem o utensílio próprio nem o espaço necessário para aplicar esta técnica de sangramento.
O Director das Pescas confirma, por outro lado, que está “a trabalhar em conjunto com a Direcção Regional dos Transportes e com a Associação de Comerciantes, para tentar encontrar alguma forma de desbloquear mais capacidade de carga. Principalmente nesta altura em que temos um maior número de atum e um maior índice de capturas porque, efectivamente, se o transporte for mais eficaz e mais efectivo o preço médio poderá aumentar na realidade”.
Os destinos prováveis podem depender do interesse dos próprios mercados mas a APASA adianta que os mais interessados podem estar na Ásia e nos Estados Unidos da América, sem esquecer os consumidores dos chamados “mercados gourmet”.
Atuneiros açorianos na Madeira
A fraca presença de atum no mar dos Açores e o “boom de atum-voador na Região Autónoma da Madeira”, como refere o Director Regional das Pescas, levou os grandes atuneiros açorianos a deslocarem-se para o arquipélago vizinho. No entanto, Luís Costa garante que “já há indícios do atum-patudo poder estar a despoletar novamente nos mares açorianos”.
A previsão do Governo Regional e da APASA é que dentro de duas semanas os cerca de quinze atuneiros que estão na Madeira, possam regressar aos Açores. Apesar da deslocalização das embarcações, o Director Regional assegura que a “safra do atum está a correr normalmente e com o mesmo volume de capturas” que no ano passado.
De acordo com as informações enviadas ao “Correio dos Açores”, o governo realça o “grande aumento” das descargas relativas ao atum-voador, que em Abril de 2013 ficaram perto dos vinte quilos e que, no mesmo período deste ano, já ultrapassaram os sete mil quilos. Confirma-se que esta mesma espécie está a ser vendida “na Madeira a preços bastante inferiores” mas o responsável pelo sector das pescas defende que, nesta fase, o que “interessa mais é a quantidade”.
Quanto ao patudo, até ao mês de Abril, “foram capturadas menos cerca de 6 toneladas”, do que no mesmo período do ano passado. Em análise a estes dados, a Direcção Regional das Pescas adianta que este ano “houve claramente um incremento no preço médio de venda em lota”, o que se deve “à mudança de mentalidade dos armadores que já se preocupam em acondicionar e armazenar o pescado capturado de outro modo, tentando mantê-lo com um grau de frescura mais elevado”, esclarece Luís Costa.
A Direcção Regional das Pescas recorda que “o grande boom do patudo, no ano passado, ocorreu também em meados do mês de Junho” e, Luís Costa está confiante que os mesmos níveis se vão repetir: “a nossa expectativa é que este ano volte a ser um bom ano de patudo”. Mas admite que também é “importantíssimo que pudesse ser um bom ano de atum bonito”, não só para o trabalho das conserveiras mas também para “as embarcações mais pequenas poderem ter um maior rendimento”. Luís Costa está mesmo “esperançado que este vá ser um bom ano para toda a gente”, do sector.
Fonte: Correio dos Açores
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