A frota andaluza que pesca em águas portuguesas quer que o acordo pesqueiro com Portugal, que termina a 31 de dezembro, seja alterado ou renovado por apenas dois anos para conseguir melhorias técnicas adicionais "para ambos".
Pedro Maza, presidente da Federação Andaluza de Associações de Pesca (FAAPE) disse à Lusa que se trata de melhorar e não de eliminar o acordo que tem sido bom para os dois países, mas que pode ser "ligeiramente melhorado".
Explicando que neste momento estão a decorrer conversações entre os dois países -- "cujos conteúdos não transcenderam" -- Maza disse ter transmitido as reivindicações da FAAP às autoridades espanholas, que "já as fizeram chegar a Portugal".
Entre as alterações ao atual acordo - que, com uma duração prevista de 10 anos, termina no final deste ano e não prevê uma renovação automática -, Maza inclui questões como a captura de marisco, o acordo que gere a pesca no Guadiana e a questão das distâncias das costas.
Frisando que na última década o acordo tem sido benéfico para os espanhóis, Maza sustenta que "poderia ter sido um pouco mais útil" mostrando-se otimista de que algumas das recomendações serão incorporadas ao novo acordo.
"Sou otimista porque creio que mais vale ter um acordo que beneficie todos, do que não ter acordo. A única forma de evitar problemas é ter um acordo que se modifique em alguns aspetos técnicos. E creio que há vontade para isso", disse.
No ano passado também os Armadores de Pesca do Sotavento Algarvio tinham defendido uma revisão do acordo, assinado em 2003, considerando que "só beneficiou" os espanhóis e que deveria ser revisto para permitir a incursão da frota portuguesa até Barbate (Espanha).
"Foi um compromisso desastroso, ao limitar-nos a uma área sem qualquer interesse para o nosso tipo de pesca, e permitiu aos espanhóis aumentarem a frota do cerco e do arrasto em águas portuguesas", disse na véspera da cimeira ibérica do ano passado, em maio, o presidente dos Armadores de Pesca do Sotavento Algarvio, Gaspar Luís.
Recorde-se que o acordo de pescas luso-espanhol foi assinado em 2003, pelos ministros das pescas de Portugal e de Espanha, com o objetivo de limitar o acesso das frotas pesqueiras às águas dos dois países. Espanha ficou autorizada a pescar com 133 barcos em águas portuguesas e Portugal com 33 nas águas espanholas.
A ADAPSA sustenta que o limite territorial imposto em águas espanholas "é prejudicial, pois impossibilita os barcos portugueses de acederem a zonas mais convenientes às artes de pesca utilizadas".
"Queremos que o acordo seja revisto para que nos deixem ir até Barbate, local de fundo sujo, de forma a podermos utilizar as redes de transmalho e de emalhar", observou na altura, explicando que o acordo de "apenas permite ir até Huelva, local sem qualquer interesse piscatório".
Fonte: RTP
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