Para “reforçar a confiança” dos consumidores no bacalhau seco e salgado, a embaixada da Noruega em Portugal propõe aos vendedores portugueses que seja introduzido um autocolante de garantia nas embalagens para comprovar que o bacalhau não tem aditivos.
Com a indústria portuguesa do bacalhau apreensiva em relação ao uso de aditivos alimentares no peixe salgado, proposta em discussão em Bruxelas, a embaixada norueguesa veio reafirmar neste sábado que está aberta a encontrar soluções para garantir o controlo do bacalhau verde salgado que entra em Portugal.
Em causa está uma proposta para autorizar a utilização de polifosfatos, que aumentam o índice de água no peixe e ajudam a manter a cor branca e a impedir a oxidação. No caso do bacalhau verde salgado importado por Portugal à Noruega não terá aditivos, garante a embaixada.
Num comunicado, a representação diplomática reafirma que a Noruega está disponível para participar na criação de um “programa conjunto de controlo de qualidade a realizar pelas autoridades portuguesas” para assegurar que o produto importado não tem polifosfatos – uma posição que o embaixador, Ove Thorsheim, transmitira ao PÚBLICO, admitindo a possibilidade de a Noruega poder participar no financiamento de análises ao bacalhau numa unidade para esse fim em Portugal.
A embaixada contesta aquilo que diz ser uma “desinformação” produzida nos media portugueses acerca da “qualidade actual e futura” do bacalhau norueguês, alegando haver uma “‘teoria da conspiração’ segundo a qual os exportadores noruegueses estariam a defraudar a confiança dos produtores portugueses, e a violar regras de mercado, alterando a qualidade do bacalhau que lhes vendem”.
A indústria portuguesa considera que o bacalhau tradicional está em risco, temendo que o produto tenha “os dias contados”. Mas, para a Noruega, contrapõe a embaixada, não há sequer vantagens económicas ou outras “em diminuir a confiança na qualidade”.
Apresentando a “realidade dos factos”, a embaixada sublinha que o regulamento em discussão entre os 27 da União Europeia tem a ver com o bacalhau verde salgado com destino a “vários mercados europeus mas excluindo o português”. E acrescenta: “Em Portugal, mesmo que estes aditivos viessem a ser usados, isso seria claramente identificado e especificado na embalagem”.
O Governo português conseguiu que da proposta conste uma cláusula especial sobre Portugal, por causa do processo de secagem tradicional. Foi ainda obtida a garantia de monitorização da entrada de bacalhau em Portugal. “Estamos a propor ao vendedores portugueses a introdução de um autocolante nas embalagens (do qual existe um anteprojecto) que garanta que o bacalhau seco e salgado da Noruega é um produto tradicional e sem aditivos”, sublinha ainda a embaixada.
Fonte:ACOPE com Público
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